terça-feira, 31 de janeiro de 2012

De Mudança...

Atenção!
Aviso aos transeuntes que os ventos sopram sem destino, pois as coisas aqui não andam muito boas.
Há algo líquido se apossando do barro usado nas novas construções.
Por mais calma e dedicação que se tenha, nada se encaixa nos moldes do desejo e de repente, todo o concreto se esmigalha em vento e tudo torna-se tão "sei lá".
Há um cansaço dessa melancolia forçada.
Os livros se misturam aos papéis velhos, perfumes sem tampas e roupas sujas nos caixotes da mudança.
O quarto se esvazia,
A sala se esvazia,
A cozinha está vazia.
Só as lembranças esborram todas as águas salobras guardada aqui.
São tantas lembranças que não caberiam no caminhão da mudança.
São tantas lembranças que carrego no coração que não sei se consigo suportar o peso de uma saudade que, mais do que qualquer outra, terá o gosto de toda uma infância com bonecas e príncipes e castelos e casinhas...
Entre 4 paredes tenho guardado 26 anos de sonho,
No jardim ainda tem a sombra daquele pé de feijão plantado na experiência da escola.
No jardim ainda há o perfume do pé de goiaba e o som dos pássaros voando entre as árvores.
Cada palmo desse canto guarda tanto de mim que sei, que ao sair daqui, perderei este último resquício de menina mimada de achar que tudo vai ficar bem.
Deixo em meu quarto meus fantasmas, meu amor, meu cheiro depois do banho...
Tranco a porta, branca com um ursinho pendurado.
Deixo aqui todos os sorrisos ingênuos pendurados no portão e o novo endereço em minhas mãos.

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