Sua foto e VOCÊ...
“E
mais uma vez, eu abri uma página sua de uma rede social e fiquei
olhando sua foto. Como eu já sorri olhando praquilo, você não tem idéia.
Mas das ultimas vezes, infelizmente não era sorrindo que eu olhava, era
com desanimo, com saudade e mágoa misturadas. Porque você tinha que
morrer? Porque você tinha que matar tudo que eu sentia? Me obrigar a
morrer também. Me obrigar a fingir estar viva pra todo mundo. Me obrigar
a não chorar, quando tive vontade de chorar. Vontade de te esmurrar, te
dizer que você é um idiota, um babaca, um cretino, um fraco, nunca
passou disso. Nunca uma piada sua foi engraçada, nunca você me
surpreendeu. Nunca. Mas eu não consigo deixar de pensar em você, a cada
dia, a cada ato meu. E quando eu procuro outras pessoas, eu procuro
imaginando você me vendo. E tendo ódio de mim. Porque eu quero que sinta
ódio. Porque ódio significa alguma coisa, e é melhor que indiferença.
Você que já foi tudo, já foi minha esperança, foi meu futuro imaginado,
hoje não é nada. Não passa de uma foto numa rede social. Se eu vivo bem
sem você, porque eu continuo te olhando? Porque eu sempre volto aqui?
Porque eu ouço musicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale
isso. Mas eu faço. Eu continuo fazendo. Como uma cerimônia de luto, eu
sigo a risca. Mas acontece que você não morreu de verdade, do jeito que
eu preferia que morresse. Você está ai vivo, vivendo sua vida, fazendo
suas coisas, feliz, tranqüilo, sem sentir minha falta, sem olhar minha
foto em rede social. Porque eu não consigo? Porque você não podia ser
alguém? Eu esperei muito de você? Não. Eu não esperei nada, eu entendi
tudo, eu entendia o que ninguém entenderia. Eu respeitei. Eu fiz como
você quis. Tudo. Eu me anulei. Eu deixei de me amar, pra todo meu amor
ser só seu. Eu voltei atrás. Eu chorei, eu pedi desculpas, eu agüentei
besteiras. Agüentei tudo. Ajuntando do chão, migalhas do seu carinho,
migalhas do seu amor. Do seu jeito explosivo e calmo. Um dia me amando
como se a terra fosse acabar depois da meia noite. No outro dia um
desconhecido me pedindo pra tratá-lo como qualquer um, por favor. Você é
meu personagem favorito. O dono de todos os meus textos, de todas as
minhas histórias. O dono da curvinha das minhas costas. E eu tenho que
dizer isso agora, só pra uma foto numa rede social. Porque você morreu
na minha vida. Você pediu demissão, seu cargo era o de presidente, era
membro honorário do conselho, tinha tapete vermelho e eu me vestiria até
de secretária se te agradasse. E você pediu demissão, sem aviso prévio
nem nada. Me diz agora? Como viver bem? Como sobreviver, sem essa ponta
de angustia? Eu sou feliz, cara. Eu sou feliz demais. Mas eu sou infeliz
demais, quando penso em você. Quando penso no que poderia ser, no que
poderia ter sido. Eu sei que não dá. Eu nem quero que dê. Não quero
mais. Mas não sei o que fazer com esse nó. Vai passar né? Eu sei. Com o
tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é
infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de
te ressuscitar as vezes, me domina.”
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