segunda-feira, 30 de abril de 2012

Abraço a palavra...



Como o vento abraça o mar
Conjugo os verbos brutalmente
Devoro um livro e fico sem ar
Cuspo as palavras eloquentemente

Ai, ai, ai! Sou pela poesia ejectada
As palavras são drogas que fazem
De mim uma mulher casada

Casada sou com a poesia
Consumida sou pelas palavras
Louca sou pela arte de ler e escrever
Ah! Quem me dera essa poesia dizer!

Sou eu mutante de sangue literário!
Sou pelas palavras abusada sexo-socialmente.


(Ruth Berta Boane- Texto adaptado)



domingo, 22 de abril de 2012

Dessas paixonites agudas...


É na braguilha do meu macho, segundo o poeta

Onde me acho, me faço e me enlaço como “pateta”

Entro em devaneio, arfando-me o seio com um nó apertado

E o meu útero latente, se deixa ser tão impunemente fecundado.

Marina Nery 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

"Saiba que os poetas, como os cegos, podem ver na escuridão..." Daí, esse "Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim..."


"Sigo a vida conforme o roteiro, sou quase normal por fora, pra ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, um alegria que caiba dentro da bolsa. Eu quero mais que isso. Quero o que não vejo. Quero o que não entendo. Quero muito e quero sem fim. Não cresci pra viver mais ou menos, nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me levar. Por isso, não me venha com superfícies, nada raso me satisfaz. Eu quero é o mergulho. Entrar de roupa e tudo no infinito que é a vida. E rezar – se ainda acreditar – pra sair ainda bem melhor do outro lado de lá".



domingo, 15 de abril de 2012

A seu tempo...


Tem um poema da Florbela Espanca que diz assim: “As coisas vêm a seu tempo quando vêm, essa é a verdade”. Um dia a coisa sai. E eu acredito no mecanismo do infinito, fazendo com que tudo aconteça na hora exata.


Ando com uma felicidade doida, consciente do fugaz, do frágil!

sexta-feira, 13 de abril de 2012


Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e às vezes difícil de lidar, mas se você não sabe lidar com o meu pior, então com certeza, você não merece o meu melhor!

Marilyn Monroe



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Lucky for me...


No meu primeiro dia de viagem, num barco tão colorido e repleto de coisas e energias boas, me encontro no momento mais escuro do dia, em pleno alto mar, com a água agitada, ondas gigantescas e vento forte. Apesar do medo do breu da noite e desta agitação toda, estou segura de que tudo ocorrerá como Deus quiser. Nada resta a não ser me resignar diante de sua vontade. A minha parte foi feita, mesmo não com todo o esforço que eu poderia ter dado, mas agora não é hora de chorar o leite derramado. Amanhã é outro dia... não! Amanhã é O dia. E esse mar acordará brando, o vento suave e o dia claro, me conduzindo para um destino incerto mas, espero que "fantástico". 
E que venha a sexta-feira 13, contrariando as superstições alheias, não terá nada de terror e será cheia de graça.

Assim seja!


terça-feira, 10 de abril de 2012

Ninatriz...

Beatriz era uma fada madrinha que passava o dia inteiro cuidando de todo mundo, e todo mundo gritava para ser cuidado pela Beatriz. Tinha princesa que se achava feia, tinha príncipe que não sabia de matemática, tinha rei nervoso de tanto ouvir reclamação da rainha, tinha caçador de dragões com medo de escuro... tinha de tudo! E a Beatriz dizia de mil modos diferentes que a princesa era linda, até a beleza raiar, ensinava matemática mil vezes para o príncipe entender, levava o rei para passear longe do castelo até ele se acalmar, contava histórias para o caçador de dragões até ele adormecer... e o telefone celular da Beatriz não parava de tocar. Todo mundo queria falar com ela ao mesmo tempo, e a fada colocava todo mundo no colo.  Um de cada vez, claro! Ah, mas ela tinha o colo mais largo do que o mar. O seu abraço era mais apertado que de urso-polar. Sua voz era mais suave que música de concha. Seus olhos eram mais doces que chuvisco. Seu riso era mais delicioso que recreio demorado. Todos adoravam a Beatriz porque ela deixava todo mundo feliz. Mas quem será que cuidava da fada, quando ela tinha medo de ficar sozinha? Quem dizia que ela era linda, quando achava que estava engordando, ou acordava toda descabelada, com olheiras e cara amassada? Quem conversava com a Beatriz quando ela estava infeliz? Afinal, quem botava a fada madrinha no colo? Ninguém, ninguém e ninguém. E ela sonhava com esse colo. Sonhava com alguém que também se preocupasse com ela. Que a protegesse de tudo. Que a ninasse com histórias, que abraçasse mais apertado do que todos os ursos da terra, mas ninguém aparecia. Quer dizer, até apareciam uns bonitões... é verdade, Beatriz gostava muito de namorar. Mas mesmo apaixonados, todos os namorados acabavam no seu colo. Ela cuidava deles como cuidava de todo mundo, mas nenhum deles cuidava dela. Bem, pelo menos nenhum cuidava do jeito que ela sonhava. E isso a deixava com uma tristeza que não passava. Mesmo quando ria de alguma coisa...



O que ninguém percebe é que apesar de Beatriz ser uma "fada madrinha" para todo mundo, dar conselhos, sustentar o problema alheio, ser firme, segura...  ela não é uma fortaleza, e tem seus momentos de fraqueza, como qualquer um. Também é ser humano e  precisa ser cuidada, ser ouvida, ser acolhida. Me identifico com esta personagem pelo fato de meu lado amigo, na maioria das vezes, sobressair ao meu lado mulher. Mulher no mais pormenor sentido da palavra, com sua feminilidade aflorada, desejo de se sentir desejada, protegida, acalentada. E igualmente a Bia (já me sinto íntima dela que me permito chamá-la assim), coloco até aqueles com quem em relaciono ("amorosamente" falando) no colo. Eu me deixo ser Nina, e os ponho para ninar... E a Marina, nesse jeito maternal e amigável de abarcá-los, fica descoberta e desprotegida. E mais uma vez a deriva... almejando alguém que possa afilhá-la também.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

O que me distingue de um louco é que ele grita o que eu sufoco.

"O Grito" (do norueguês Edvard Munch)

domingo, 8 de abril de 2012

Se eu pudesse eu apagaria as luzes do mundo, parava o tempo dos curiosos, enchia o peito de amor... Mas nada disso posso fazer e me limito a escrever sobre as canções que não fiz; sobre o perfume que preenche a sala e invade meu coração; sobre o café que ainda não bebi da tua boca; sobre o beijo distante que até parece nunca dado. Escrevo, afinal, porque são as palavras que restaram, nessa confusa vontade, vindas de minhas mãos, que por não te acariciarem não se bastam, entretanto elas escrevem, e escrevem, e escrevem...

Roberto do Rego Monteiro

sábado, 7 de abril de 2012

As duas flores...

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...                               
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
 
Castro Alves

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Amor, Quando Se Revela...

 O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sou como uma dente-de-leão...

Após um príodo de recato e introspecção, me dei conta que, metaforicamente, sou uma FLOR! Mas descobri que não nasci pra ser flor plantada em vaso. Não nasci para ficar fixa, sendo admirada, cheia de frescuras e ego. Nasci de uma prova de amor e fé em Deus. Então nasci pra alegrar os outros, em movimento. Nasci para arrancar sorrisos inesperados. Nasci para tirar as pessoas da rotina. Nasci para estar a postos para tentar mudar o dia de alguém. Descobri que eu não poderia ser uma rosa, ou uma tulipa, ou uma orquídea, mas sim uma DENTE-DE-LEÃO! Uma dente-de-leão com raiz, mas que ao mesmo tempo voa! Aquela plantinha que ninguém resiste em pegar e se divertir soprando pra ver os mini pára-quedas voarem... O dente-de-leão é uma planta medicinal herbácea, também conhecida como: taráxaco, amor-de-homem, mas de todos os nomes o que eu mais gostei foi como ela é conhecida no nordeste: ESPERANÇA... "abre as janelas e deixa a esperança entrar na tua casa trazida pelo vento da tarde". Suas sementes tem alto poder de disseminação, pela sua forma de mini "pára-quedas", elas são facilmente levadas pelo vento, germina e adapta-se a inúmeras realidades geográficas no mundo, o que a torna extremamente popular. Essa flor não estimula a posse, o apego. Simboliza a LIBERDADE. Ao assoprá-la as pessoas desejam ver suas pétalas se desprendendo e voando livremente. Quando entramos em contato com ela, queremos compartilhar, interagir uns com os outros, experienciá-la. Em algumas tradições culturais, também significa UNIÃO e TOLERÂNCIA.
A dente-de-leão nos remete às idéias de inconclusão, incompletude e inacabamento. Suas pétalas são sempre irregulares, desfazendo-se com um simples assopro. Ou seja, quando você as sopra, você está sendo feliz, mas aquelas sementes que você soprou também vão fazer alguém feliz um dia. Fascinante, né? Eu me identifiquei muito com ela em todos os aspectos, ela não é egoísta, ela tem um propósito, não está lá só pra "enfeitar", ela faz todo mundo viver o agora com um sorriso no rosto mas ao mesmo tempo planta um futuro sorridente. Para ela sobreviver ela precisa do seu sopro, precisa do vento, precisa do movimento, é lindo porque é bom pra você e é bom para ela. Deus é muito criativo, cheio dos detalhes... Além de tudo isso, a planta toda ainda é usada como diurético, purificador do sangue, facilitador da digestão, óleo de massagem... Uma singela e delicada flor, porém simbolicamente forte e mágica! :) 



segunda-feira, 2 de abril de 2012

Anormalidades normais...

Eu admito que não sou muito normal... Começo a cantar do nada, falo sozinha, faço caras e bocas, faço shows durante o banho, falo rápido e ansiosamente, às vezes coloco o volume no máximo para não ouvir os meus pensamentos, mas muitas vezes viajo neles...  fico com vergonha até pelo MSN, adoro ver filme comendo brigadeiro, sou desastrada, tenho mania de multi-expressão corporal e facial, saio dançando pela casa, tenho crise de riso (e na maioria das vezes em momentos inapropriados). Mas sou Feliz assim! Sendo quem eu realmente sou, e não o que querem que eu seja.

;)

domingo, 1 de abril de 2012

Avesso do avesso...

Será que é tão difícil assim de interpretar simples gestos tão carentes, pungentes, que fazem você se mostrar para o mundo da forma mais contrária?... faz você se expor sem nem pensar no que se processa, ao mesmo tempo em que o que mais queria era ser discreta. Essa sou eu, o avesso do avesso, qdo maltrato, machuco, "encho o saco", aperreio, critico e chateio valendo aqueles com quem mais me importo e gosto!! Já os que trato cordialmente é por mera educação... não tem grande significância em minha vida (digo significância, no modo de convivência e presença mesmo)!
É você dar a cara a tapa o tempo inteiro, parecer a metida e exibida do pedaço, qdo o que você só precisa é de um pouco de atenção! Aquela pessoa que pare e reflita o porque de você agir desse jeito se não combina com seu caráter.. o que será que se sucessede para você criar uma barreira em torno de si e não deixar aqueles de que gosta se aproximar? E a resposta vem tão simples, na observância do sorriso e do olhar.
Aquela que é tão certinha, perfecionista nos pormenores dos seus atos e pensamentos, de personalidade marcante (ao ponto de parecer chata, séria e fria...), ao passo que por dentro é de uma delicadeza e doçura tamanhas, que precida de algo para protegê-la de agressão! Igualmente a uma rosa, que perfuma, encanta, embeleza, mas se não fossem os espinhos já teria se machucado e sido maltratada mais facilmente... e são exatamente aqueles quem mais a admiram que ela por auto defesa espeta!
E com essa metáfora tento me fazer entendível!


E nessa ânsia de me fazer entender, de ser bem quista, interpretada e a cima de tudo, VISTA (por dentro) é que sou impulsiva e inconsequente, desatinando e desmoronando, figurativamente, td o que realmente sou... exibindo o que não me compete!