domingo, 26 de fevereiro de 2012

Metamorfose ambulante...


Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora, o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Raul Seixas

Infinito particular...

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

Marisa Monte


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dor pungente...

Tropecei em pedras do meu percurso
experimentei estradas desconhecidas
entorpeci-me de sentimentos ambivalentes
da vontade de ir e de ficar
rodopiei as idéias
na mente já cansada...
que não me levaram a lugar seguro                                           
levaram-me um lugar chamado nenhum...
Apertava-me o peito
em dor que sentia
mas não sabia direito
o que era, o que fazia.
parecia que chorava o fim de um amor
e ainda assim para o amor sorria
porque o amor não se aborta
Não se corta..
fere..
Procurava administrar-me remédios doces
e não conseguia...
Vesti a surrada capa do livre ser
e livre não ia...
Pisava no chão e não o encontrava
atordoada achei que sonhava...
mas.. a dor é pungente,
estou acordada...

Conceição Castro

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sorte...

Saudades até tenho, mas não morro. Não antes delas. As mataria sorrindo não fosse o tempo embora, depressa, fugindo, correndo hora a hora.
Desejos sim! Morro deles um pouco por dia e ainda mais vivo que ontem. Os consumiria todos te tivesse por perto. Com peitos em costas, cabelos em mãos, lençóis no chão... Depois cigarro em dedos, mãos em cabelos.                                                             
Mas vã é minha gana.
Já abdiquei de ti, quando calmo à noite, sumi.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Prazer, Marina...

Vim ao mundo para questionar. Para me entender. Para ser feliz. Por isso, tento escrever.. mas leio, leio muito! Palavras e músicas são minha terapia. Meu remédio. Meu ponto de fuga e encontro. Na arte, eu me busco. É lá que eu sempre estou. Procurando o verbo, indagando a letra, consolando a frase que chegou ao fim. Quer me conhecer? Me encontre naquele romance antigo, segundo parágrafo, mostrando que a solidão não deve se atravessar a sós. Talvez eu possa – e isso é quase certo – me mudar pros tons daquela bela música e por lá ficar: “feita de luz mas que de vento”… Ah, me desculpem os Jungs, Freuds e Lacans  (e olhe que admiro todos eles e gosto de estudá-los, e sei que eles conseguem entender como funciona a mente humana). Mas Chico Buarque me entenderia! Assumo, sou Chicólatra por natureza. Alguns artistas – e nisso incluo poetas, músicos e demais sonhadores – parecem conhecer a fundo a alma humana, eles sim entendem. Quando falam de si, mostram um pouco também de nós. Quem nunca pensou, ao menos por um segundo: essa canção foi feita pra mim? Eu já me apropriei de centenas de músicas (com o devido crédito ao autor, é claro), que dizia serem “minhas”. Naquele momento, elas – e só elas – pareciam entender o que eu sentia. Letra por letra. Rima por rima. Em cada nota, um espanto. E uma sensação de pura comunhão com o mundo: é, eu não estou sozinha. E como isso conforta! Pois é, a arte também foi feita pra unir. Pra protestar. Para seduzir. Por isso, passo a vida  tentando escrever. Lendo. Garimpando frases. Buscando o verso certo. A estrofe perfeita. Ou um conhecimento maior sobre mim mesma. Se estou conseguindo? Não sei. A arte nem sempre é bondosa. Um dia nos pega no colo e, no outro, nos faz enxergar o que ainda é difícil de ver. Mas tudo bem. Enquanto houver um poema pra nos consolar e uma boa canção pra nos comover, “a gente vai levando”.


Inspirado nos textos de Fernanda Mello

A favor de gente de verdade...

Eu sou uma eterna apaixonada por palavras. Música. E pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono. Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida… Eu sou criança. E vou crescer assim. Gosto de abraçar apertado, sentir alegria inteira, inventar mundos, inventar amores. O simples me faz rir, o complicado me aborrece.


E a receita é uma só: fazer as pazes com você mesmo, diminuir a expectativa e entender que felicidade não é ter. É ser.  

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Acorda cinderela...

Em pleno século XXI e ainda é possível encontrar mulheres que esperam ansiosamente pelo seu lindo príncipe que chegará em um cavalo branco e irá livrá-la de todos os males do mundo. Ok, hora de acordar Cinderela!
Se você for esperar que o príncipe encantado (diretamente da Disney) caia no seu colo, sinto lhe informar que você terminará como a tia chata, bêbada, cheia de gatos e se perguntando o porquê do seu trágico fim. Sim, é verdade. Príncipes não existem, homens perfeitos também não. O que nos resta é que nós (mulheres) vejamos o que é importante.
Beleza? Carácter? Dinheiro? Senso de humor? Decida o que é essencial para você em um relacionamento e vá a procura do gato que corresponda aos seus mais secretos desejos! Só cuidado pra não ser muito exigente e acabar sozinha né. Afinal, hoje em dia achar um cara bonito e gente boa se tornou a descoberta do século!
Seu príncipe pode ser o cara da padaria, o vizinho, aquele carinha bonitinho da sua sala, aquele metido que você conheceu na boate, sabe? Homens normais, cheios de defeitos, que vão te irritar, te amar e te fazer sorrir. Perfeitos? Não. Príncipes? Longe disso.
Mas não espere que ele chegue em um cavalo branco! Pode vir de bicicleta, carro ou a pé. Pegue o sapo e o veja com outros olhos. Melhor que esperar demais e ver que o seu príncipe é, nada mais, nada menos, que o próprio cavalo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

É preciso conhecer pra gostar...

Muita gente diz não gostar de poesia, mas pouca gente, é bem verdade, procura ler, conhecer. Isso acontece com muitas coisas da vida. A poesia é bonita, é bela, é profunda, é transcendental, mas precisa ser conhecida, precisa ser tocada, precisa ser apreciada.
As pessoas podem até apreciar certos poemas, autores, frases, fragmentos, mas estarão apenas superficializando a poesia em suas vidas. Adentrar nesse universo é primordial para que se possa entender que poesia é vida, mas do que literatura, como disse certo poeta, antes de saber escrever poesia, é preciso saber vivê-la.
Tudo isso para dizer e contar a seguinte história. Uma amiga me disse ainda hoje, os homens não querem me conhecer, querem apenas usufruir da minha beleza, querem ficar comigo por eu ser bonita, mas poucos se importam com o que eu sinto, penso, para eles, sou apenas mais uma gata que servirá de troféu, de ostentação para seus amigos e sociedade.
E a gente pode até se apaixonar por alguém por conta da beleza, do corpo, do sexo, dos olhos, do olhar, mas é preciso conhecer, é preciso tocar, ouvir, sentir para que a paixão se transforme em amor.
Minha amiga sofre em suas relações por conta do ciúme, por ser bonita demais, os seus enamorados temem sofrer alguma decepção, ficam possessivos e ciumentos. Ela disse, não sou, nem vou trair ninguém, mas eles, os homens, não confiam em mim, quando estão comigo ficam possessivos e ciumentos, têm ciúmes do vento, da lua, do sol, até de mim mesma, se me conhecessem, saberiam que eu nunca haveria de trai-los.
Como toda mulher, ela tem medo de ficar sozinha, o que será impossível, dado aos seus dotes físicos e a sua exuberante beleza, mas entendo o que ela sente e passa em sua existência. Uma relação não pode ser baseada no corpo, na imagem, na beleza, assim como a poesia não pode ser julgada por um poeta, por um poema, por uma frase.
Um princípio básico para o gostar é o conhecer. Só podemos gostar daquilo que conhecemos, seja música, filme, comida, livro, seja gente, é preciso dialogar, e quando falo em diálogo, não me refiro apenas a palavras, aos verbos, mas aos diálogos que podem existir de sonho, desejo, esperança, perspectiva, futuro, presente e passado.
É preciso conhecer o outro em seus medos, nas suas alegrias, em suas fragilidades, em sua fé, esperança e até naquilo que ele tem de pior, para se gostar é preciso provar, pois como disse alguém, a prova do pudim está na sua degustação.
A prova do amor está na convivência, convivendo com o outro, o conhecendo, é que saberemos se iremos amá-lo ou não suportá-lo.

Ronaldo Magella 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O tempo não pára...

"Eu também tive meu coração machucado. Me dei mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama."

Caio Fernando Abreu

Encerrando Ciclos...

"...Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão..."
 Fernando Pessoa
 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Descaminhos...

Quando não quero mais ser eu, faço uma tatuagem. Mudo o cabelo, dou um "up" no emprego, troco de amigos (faço novas amizades), mudo tudo. No fim acabo sobrando de frente pro espelho e sou eu de novo, um pouco mais colorida, um pouco mais solitária, bem menos humana e sociável. Eu me volto pras palavras e venero seus encantos, como se por me descreverem pudessem me bastar. Palavra não faz carinho, menina, palavra não dá colo. É de abraço que eu preciso quando não há mais letra, tatuagem, tinta, papel, caneta, poesia. Quando não tem mais rima, é de corpo e conforto que eu preciso.

O tempo, superestimado, não muda nada. Só faz confundir realidade e passado num borrão sem cor. Eu vivo de acreditar na próxima semana, minhas esperanças estão no próximo mês. Quando me oferecem um próximo ano e contam as horas e os segundos pra que ele chegue, eu só quero me cobrir até os olhos e pedir arrego do mundo. Não me faça encarar toda a responsabilidade de um novo tempo, não posso admitir que cheguei ao fim do prazo sem cumprir com meus planos.

Quero todas as fantasias de outrora. Quero a pureza de acreditar numa nova vida. A leveza de esperar um mundo novo no segundo em que a noite vira dia. Tudo novo, tudo limpo, tudo pronto pra ser diferente. Ar fresco, um alívio ou certa angústia, é tempo de ser mais eu. É tempo de me esquecer, de me perder, tempo de ter mais tempo.

Se num dia desses eu encontrar o que eu procuro, nesses caminhos tão avessos, talvez eu não precise das palavras. E então serei eu, de frente pro espelho, sem medo de ser quem me olha de volta.
Adaptado do texto de Verônica H. 

Minha inspiração...

Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou que nem viúva
Mas acabou, esqueceu
Nina adora viajar, mas não se atreve
Num país distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
E no céu o meu destino rapta
O seu                                                                              
Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
A roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve
Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de moscou
Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou...




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aceitando o convite da vida...

Mandaram eu ficar com minha ironia, mas como sou hétero escolho o sarcasmo. E o cinismo eu deixo de charme para os hipócritas.
(Fernanda Estellita)

No mais, a lua se insinua, a vida me convida e o inesperado me espera!